Era uma página, uma folha, um episódio em sua vida, descansando em branco sobre a mesa. Um quadro por começar, uma história a ser escrita.

Naquele pedaço de papel, ela via o futuro, milhares de possibilidades e o medo. Tanta coisa podia dar errado… Escrever a primeira palavra é sempre difícil, decidir agir e errar. Caminhos sem volta.

Uma folha em branco, em cima da mesa, refletia tudo que ela era e tudo que queria ser, sua biografia completa, exposta, nua. Indefesa. Ela passava horas encarando o papel, tentando escolher o rumo a tomar na infinidade de opções do futuro.

Ritual que repetia dia após dia, aquela página em branco, opressora, convidativa. Era uma conversa prazerosa, uma troca rotineira que acabaria assim que a tinta riscasse a brancura da folha. Algo tão simples e tão assustador. Ideias se acumulavam, confundindo pensamentos, a emoção da história que crescia em seu amago e clamava por liberdade já escrevera romances em sua cabeça e nem uma palavra escapara.

Ela segurava a caneta que tremia em sua mão. Um suspiro, fechou os olhos e manchou o papel.