Era uma página, uma folha, um episódio em sua vida, descansando em branco sobre a mesa. Um quadro por começar, uma história a ser escrita.
Naquele pedaço de papel, ela via o futuro, milhares de possibilidades e o medo. Tanta coisa podia dar errado… Escrever a primeira palavra é sempre difícil, decidir agir e errar. Caminhos sem volta.
Uma folha em branco, em cima da mesa, refletia tudo que ela era e tudo que queria ser, sua biografia completa, exposta, nua. Indefesa. Ela passava horas encarando o papel, tentando escolher o rumo a tomar na infinidade de opções do futuro.
Ritual que repetia dia após dia, aquela página em branco, opressora, convidativa. Era uma conversa prazerosa, uma troca rotineira que acabaria assim que a tinta riscasse a brancura da folha. Algo tão simples e tão assustador. Ideias se acumulavam, confundindo pensamentos, a emoção da história que crescia em seu amago e clamava por liberdade já escrevera romances em sua cabeça e nem uma palavra escapara.
Ela segurava a caneta que tremia em sua mão. Um suspiro, fechou os olhos e manchou o papel.
Carol Santana
Tô precisando manchar o papel, o problema é que de tanta coisa que eu tô passando se eu abrir a válvula é perigoso sair sangue no lugar de tinta. A singeleza com a qual você retrata a escrita me deu uma vontadezinha de me encontrar nela novamente.
xxx
Carol,
http://www.horinhasdedescuido.com
Joanna Amaro
Muito linda a crônica! Super bem escrita. Fiquei com vontade de manchar o papel também :3